A última paragem desta academia ficou reservada para as instalações da residência geriátrica da “Acolhe” - uma cooperativa social que nasceu do investimento da cooperativa habitacional Habece. Esta cooperativa de habitação e construção de Cedofeita colmata os problemas e necessidades habitacionais da classe média-baixa da região do Porto desde 1977.
O presidente e membro fundador da cooperativa social, Joaquim Guimarães, iniciou o diálogo com uma confissão: “Não sou otimista quanto ao espirito cooperativo do povo português”. Foi através da explicação da história do cooperativismo, que desenvolveu esta ideia, afirmando que na sua essência o espirito de cooperação está nas pessoas, no todo, e que este é elementar na sociedade humana para alcançar objetivos.
Presidente da cooperativa de habitação e construção Habece, Joaquim Guimarães
Revendo o seu caso particular, afirma ter conseguido alcançar todas as metas a que se propôs como a promoção de habitação de custos controlados, o apoio às administrações de condomínio dos prédios por si promovidos, e até mesmo o acesso aos serviços prestados na residência geriátrica "ACOLHE", através deste modelo. Remata que apesar de a “cooperação ser difícil de entrar na cabeça de muitas pessoas”, ainda acredita que são os jovens a ditar o futuro das cooperativas.
A "Residência Geriátrica ACOLHE" iniciou a sua atividade em 2017. Este lar de terceira idade é uma iniciativa de caracter social, que surgiu da decisão de alargar os serviços prestados aos membros da cooperativa, tendo a HABECE contribuído para a sua fundação. Segue a mesma linha ideológica: oferecer condições dignas aos seus utentes.
Esta última paragem, foi marcada pela presença do Delegado Norte da CASES (Cooperativa António Sérgio Para a Economia Social), Manuel Maio, que incitou o diálogo entre os jovens participantes, partilhando as suas convicções “cada vez há mais espaço para que se fundem mais cooperativas nos variados setores”, destacando esta como uma oportunidade face ao desemprego jovem que ainda se regista no nosso país.
(Delegado Norte da CASES, Manuel Maio)
Durante a visita às instalações deste lar de terceira idade, destaque ainda para o encontro de um dos participantes desta semana, Daniel Rodrigues, e uma utente com a qual troca cartas há cerca de um mês e meio. O projeto chama-se "Pen Friends" e é dinamizado pelo Instituto Padre António Vieira (IPAV), no âmbito do projeto Academia Ubuntu. O participante mostrou-se radiante com a possibilidade de encontro: “Não tinha noção, sabia as coisas básicas sobre a Dona Maria Amélia, mas foi surreal ter esta oportunidade”.
Este projeto visa a combater a solidão dos mais idosos. E, de acordo com a assistente social deste lar, tem sido um sucesso desde que arrancou. “As pessoas estão em polvorosa quando as cartas chegam”, contou.
As atividades terminaram na FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto), onde os participantes fizeram um balanço destes quatro dias. Foi unânime que a a experiência foi positiva, sendo destacadas as ferramentas, os contactos e as vivências práticas de outros que ficam desta experiência e que serão cruciais para o desenvolvimento dos seus projetos cooperativos.