Referindo-se ao papel das cooperativas no desenvolvimento das regiões, Vítor Pereira salientou, por exemplo, que “as cooperativas podem ajudar a minimizar desertificação”. Por outro lado, o trabalho diário destas instituições ajuda os produtores no dia-a-dia, oferecendo-lhes também um papel na gestão: “toda a produção dos cooperadores é absorvida pela estrutura”, realçou, acrescentando, “todos têm direito a voto, independentemente do seu capital social”. A Cooperativa Agrícola do Távora tem cerca de 1500 sócios na seção de vinho e de 300 sócios na seção de fruta. Anualmente, a cooperativa produz sete mil litros de vinhos sete mil toneladas de maçãs, para além de 700 mil garrafas de espumante. Seguiu-se uma visita guiada às caves do espumante Terras do Demo onde os jovens puderam ficar a conhecer todo o processo produtivo, nomeadamente através do método clássico, com recurso a uma garrafa de fermentação. Aquando da sua abertura, as caves Terras do Demo produziam 10 mil garrafas, tendo registado um crescimento de 30% ano. Este aumento na procura, informou o gestor operacional, levou “ao investimento na estrutura produtiva” com a ampliação do espaço.
Foi precisamente no interior das caves Terras do Demo que os participantes puderam assistir a um vídeo explicativo de toda a atividade vínicola da cooperativa. Sublinhando a importância da comunicação num mercado global, Vítor Pereira reforçou que “sem uma marca por trás, existem menos hipóteses de sucesso. Contudo, aliada a uma boa imagem tem de estar um bom produto”. “A melhor maçã do país” Paralelamente à produção de vinho e espumante, a Cooperativa Agrícola do Távora escoa ainda os resultados das colheitas locais de maçã dos seus sócios. Os 50 jovens ficaram a conhecer toda a estrutura de classificação (por tamanho, cor e defeito), câmara de frio e embalagem. “Esta é a melhor maçã do país”, assegurou Vítor Pereira que evocou factores como a altitude, a acidez do terreno e a amplitude térmica como factores diferenciadores na produção desta fruta.
A realidade das aldeias de Penacova O Grupo de Solidariedade Social, Desportivo, Cultural e Recreativo de Miro é o maior empregador do concelho de Penacova, assegurando 60 postos de trabalho, sendo apenas superado pela autarquia local. Foi o seu fundador e sócio número um, Manuel Nogueira, presidente da instituição, que recebeu os participantes. “Parabéns por aceitarem este desafio de conhecer o Portugal social”, afirmou, acrescentando que “por vezes, nas grandes cidades, não existe essa noção”.
Quanto à atividade deste grupo fundado em 1980, ela divide-se em pólos. Para além das vertentes desportiva e recreativa (que inclui um grupo de rancho folclórico), O GSSDCR de Miro possui ainda uma forte componente social cuja visão, revelou a diretora do pólo social, Helena Henriques, consiste em “prestar serviços de satisfação das necessidades e a melhoria da qualidade de vida da comunidade”. Nesse sentido, o GSSDCR do Miro integra na sua estrutura um lar de terceira idade, um centro de dia, uma creche e ainda serviços de apoio domiciliário e de saúde. No próximo ano, será ainda inaugurado um programa de ocupação de tempos livres, em colaboração com parceiros locais. “Tentamos ser uma instituição onde os utentes não estão apenas sentados nas cadeirinhas a ver televisão”, salientou Helena Henriques. Por essa razão, os utentes podem realizar atividades como ginástica, hidroginástica, passeios, ateliers, entre outros. Tudo para que “se sintam úteis e ativos”, reforçou. De 2012 a esta parte, o GSSDCR de Miro oferece ainda serviços no setor das viagens e turismo. Inserido nessa vertente foi lançada recentemente a aplicação móvel Portugal Tradicional que permite “visitar Portugal inteiro sem necessidade de um papel ou de um posto de turismo”, referiu Manuel Nogueira. Na tentativa de fazer circular a riqueza dentro da comunidade foi também criada uma cooperativa que contou com o apoio, da CASES, aquando da sua fundação. “O objetivo é que o dinheiro seja movimentado localmente”, explicou Vítor Andrade, presidente da cooperativa. Por essa razão, “o próprio GSSDCR é sócio cooperador”, acrescentou. Para além de ficarem a conhecer a atividade do grupo, os jovens puderam ainda ficar a saber um pouco da história e cultura da região. O presidente da União das Freguesias Friúmes e Paradela, António Fernandes, descreveu alguma da gastronomia, artesanato e tradição destas aldeias, destacando as paisagens naturais que “são o seu cartão de visita”.