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Da cidade à serra, faz-se o Portugal Social

O Portugal Social on the Road continua a sua viagem pela economia social. No terceiro dia, de Castelo Branco à Serra da Estrela houve novas histórias e lugares para conhecer. A aventura começou logo pela manhã com uma visita à Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. A APPACDM de Castelo Branco inaugurou em 1973 com apenas sete crianças, três das quais ainda estão com a instituição, hoje tem três edifícios residenciais, uma escola de educação especial, um centro de formação, entre outras estruturas. A receção aos participantes foi feita no edifício da escola pela diretora técnica da instituição, Filomena Vitório. Referindo-se aos trabalhos diários aqui desenvolvidos, a diretora salientou que todos têm algo a contribuir independentemente da sua condição: "costumo dizer que aqui nesta instituição não há deficientes, se tirarem o 'd' o que é que fica? Eficientes. Aquele que consegue rasgar papel, rasga, aquele que consegue colar, cola, - é um trabalho de equipa".

Depois de ficarem a conhecer a história e os valores desta APPACDM os jovens puderam ficar a conhecer a instuição ao vivo, visitando as suas instalações. Nas salas de aula, são feitos diariamente trabalhos manuais que são depois comercializados, praticam-se jogos de psicomotricidade ou atividades da vida diária. O grupo teve ainda oportunidade de ver outros espaços como a piscina para hidroterapia ou as salas de estimulação sensorial.

Durante a visita, um dos técnicos da APPACDM de Castelo Branco falou da sua experiência como profissional desta instituição. "Estou aqui há quinze anos e não trocava isto por nada – cada dia é um dia especial", contou, acrescentando que, já tendo lecionado no ensino regular, aqui encontrou "um desafio diário, cansativo e desgastante psicologicamente, mas muito gratificante". O resto da manhã foi dedicado ao desporto. Com o apoio do técnico de desporto adaptado da APPACDM, Pedro Pires, os 50 jovens puderam assistir e participar numa partida de boccia com os atletas residentes. Salientando que "este jogo envolve precisão e concentração", Pedro Pires destacou que "este é o jogo mais igual" que conhece. "Não há malandrice, apenas pureza – joga-se pelo simples gosto de jogar", concluiu.

Do casulo ao mundo profissional Depois do almoço na instituição o grupo seguiu para as instalações do Centro Oficinal da Quinta da Carapalha onde se insere o Centro Sericícola da Carapalha. Aqui, alguns dos jovens e adultos da APPACDM desenvolvem atividades ligadas à produção de seda. Da criação do bicho da seda à colheita dos casulos, passando pela desidratação e pelo fiar, os participantes desta semana ficaram a conhecer o processo de fabrico do fio de seda usado, por exemplo, nos tradicionais bordados de Castelo Branco.

Durante a visita, houve ainda oportunidade de presenciar algumas das aulas práticas lecionadas no âmbito dos cursos de formação profissional ministrados no Centro Oficinal da Quinta da Carapalha. A oferta formativa deste centro inclui jardinagem, têxteis, cozinha e carpintaria. A diretora técnica da APPACDM destacou que estes cursos são essenciais para a inserção social dos portadores de deficiência.

Na serra, com direito a festa Ao final da tarde o autocarro do Portugal Social rumou à Covilhã com direito a paragem na Torre da Serra da Estrela. À noite, depois do jantar, houve tempo para o habitual convívio e até para celebrações mais singulares.

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